segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Aokigahara, a Floresta dos Suicídios

"O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia." - Albert Camus

O suicídio é uma questão que cada vez mais é discutida na sociedade actual, isto pelas taxas aumentarem, pelo drama da eutanásia e pelo choque pessoal com que lidamos quando nos deparamos com um suicídio.
Embora não nos apercebamos da realidade em que vive cada ser individual desvalorizamos radicalmente, por educação cultural, essa mesma noção. Há uma falta de respeito desmesurado e não só descartamos pequenos sinais como comportamentos de auto-mutilação, como ainda muitos fazem disso uma razão para gerar mais violência. 
A verdade é que todo o mundo vive numa violência meio-escondida, que tentamos ignorar e que uns poucos sortudos vivem à parte dela, se é que vivem de todo. Pois a violência pode não ser apenas física mas emocional, e não é apenas provocada por indivíduos particulares mas também por grupos gerais. 
Uma das maiores causas de suicídio é precisamente a condição fiscal e social de cada um, sendo que não aguentam o peso dos sacrifícios ou uma vida que muda radicalmente através da dívida, estes factores têm muito maior importância num bem estar de uma pessoa do que aquilo que é notado. Isto por que o ser humano se obriga a viver do capitalismo e do dinheiro. O ser humano é então o único que provoca a sua própria morte em alternativa a um drama fiscal e intelectualizado. 
A pressão da sobrevivência chega a ter medidas bastante diferentes, pois a nossa evolução como ser social levou-nos para o seu melhor e o seu pior. A falta de compaixão que aprendemos a ter obrigatoriamente para nos defendermos e a necessidade de um mínimo de estatuto na sociedade levam-nos a deprendermo-nos da realidade física humana, em que apenas somos animais e não precisamos de tanto assim - mas inevitávelmente até que precisamos por que nos obrigamos como sociedade a tal. 
Estudos indicam que os países com maiores níveis de "felicidade" são também os com maiores taxas de suicídio, isto talvez por que uma pessoa deprimida quando deparada com a situação aparentemente melhor do mundo à sua volta não aguenta a pressão social. Ou por que os países desenvolvidos são também países de extremos, ao mesmo tempo humanizados e desumanizados, as pessoas tornam-se números e se os números não são suficientes então são formalmente descartados para o caixote dos desnecessários. Deixam de ser pessoas aos olhos do sucesso.

Sendo o Japão uma das maiores potências mundiais é também o país com maior taxa de suicídio. Assim como em todo o mundo essa taxa tem uma maior incidência em adolescentes e jovens/adultos, entre os 13 e os 35/40 anos. Aokigahara é uma floresta na base do monte Fuji mundialmente conhecida por Mar de Àrvores e Floresta dos Suicídios, pois muita gente escolhe libertar-se do peso da vida nesse mesmo local. A popularidade da floresta como lugar de suicídios surgiu em 1960, numa novela de Seichō Matsumoto, que termina com dois amantes cometendo suicídio na floresta. Porém, os relatos de suicídio na floresta precedem da publicação da novela, e o lugar há muito tempo era associado à morte. Chega a ser macabro pois cerca de uma centena de corpos são descobertos todos os anos pelas equipas voluntárias de patrulha (fora aqueles que não são descobertos ou descobertos apenas passado um longo espaço de tempo). A floresta é também conhecida pelo silêncio anormal patente, ausência de vida selvagem e por lendas de antigos espíritos e demónios da mitologia japonesa. Apesar de numerosas mensagens, em japonês e inglês, para que as pessoas reconsiderem as suas acções, muitas  pessoas entram lá para não mais sair, e devido à densidade da floresta, há sempre corpos por encontrar.


Assim deixo por ponderar a cada um, por quê esta situação na sociedade actual? Não deveríamos estar a caminhar no sentido contrário e a cultivar tolerância e compreensão? E quanto mais desenvolvido maior a taxa de suicídio, sendo que um país desenvolvido não luta contra as mortalidades precoces? Dado desconcertante foi revelado em Outubro de 2002, em Bruxelas, numa reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS) para divulgar as conclusões do Relatório Mundial sobre Violência e Saúde -acima de acidentes de carro, acidentes armados e homicídios, o suicídio é a principal causa de morte por actos violentos.


links utéis:
Campanha Death2Suicide - choose life
Aokigahara YouTube Channel
Wikipédia - Aokigahara
Wikipédia - Suicídio




Anarquia, Ordem e Paz



Desde cedo que o ser humano é instigado a criar uma aversão a certos símbolos, noções ou movimentos. A necessidade de mover as massas pela aceitação da tolerância de um líder/religião/noção surgiu desde cedo nos primeiros aglomerados populacionais. Logicamente como eram mais do que um, isolados do mundo, onde a sua realidade estava restrita à própria tribo, esses agregados criaram uma ideia tolerante quanto à sua cultura e aversão a culturas estranhas. E tem sempre sido assim especialmente quando o indivíduo não é confrontado com diferentes realidades durante a sua vida. 
Quando surge algo estranho ao hábito há uma guerra para que a lei da sobrevivência se sobreponham e as minorias caem. No entanto são sempre as minorias que fazem grandes mudanças, é a vontade de mudar que no final, mesmo que através de sacrifícios de sobrepõe.

Foi pelo início do séc. XX que a ideia de anarquia começou a ser popularizada como desordem, caos e violência. Talvez pela necessidade da sociedade se querer erguer como "civilizada" mesmo que claramente não o seja e o consigamos observar nos pormenores mais obscenos do ser humano. Mesmo nos orgãos formados supostamente para manter a paz quando há poder a violência vem agregada, seja pela inquisição ou pelo poder absoluto, autoritarista e ditatorial.  

A anarquia pura é na verdade uma utopia, praticamente impossível de ser realizada. Por quê? Por que pressupõe um respeito de indivíduo para indivíduo, um respeito para os outros e para connosco mesmos mas sobretudo para com a vida. Um dos lemas popularizados pela anarquia é "No Gods, No Masters.""Ni dieu ni maître!" - an anarchist, feminist and labour slogan)que surge na história como um lema feminista e de defesa do trabalhador. Anarquia não é o caos mas o reconhecimento do papel individual de cada um para benefício do grupo. É a ausência de uma hierarquia mas o reconhecimento mutuo  e responsável de cada um. Quando pedimos que se imagine um mundo anárquico a maioria das pessoas pensariam em grupos de vândalos a violar propriedades, abusar direitos, roubar pelo gozo de roubar, algo saído A Clockwork Orange. Não é esse o objectivo. Por exemplo, na troca de bens, o esforço de outrem seria reconhecido, haveria sempre algo em troca por que a honra e respeito estariam acima de tudo. 

Há que ponderar seriamente os valores humanos e socialistas. Infelizmente duvido que uma anarquia alguma vez funcionasse pois a perversão humana, a falta de princípios e o querer superar os outros seja por que meios for é demasiado grande e sempre se demonstrou assim na história e na vida pessoal que cada um de nós enfrenta. Mas talvez, se as mentes forem correctamente cultivadas, consigamos atingir um certo nível de paz. Afinal estamos sempre à procura de melhor, e o melhor começa pela educação, não só intelectual e física, mas também espiritual e que visa a introspecção  pois para estarmos bem com o mundo necessitamos de estar bem como indivíduos que somos.